Percorridos |
4302 km |
Horas efectivas de condução |
42h00m |
Total de horas em passeio |
49h40m |
Altitude máxima |
403 m |
Mota |
Yamaha Super Ténéré |
Em agosto de 2019 resolvi desafiar-me e realizei uma viagem por Espanha e Portugal que já andava com a mesma em mente faz alguns meses. Não seria apenas uma viagem, seria também um desafio.
Foram então percorridos 4302 km (medição de GPS) em 62 horas desde que saí de casa até que entrei novamente na mesma. Tendo estado efectivamente a conduzir 42h00m e na estrada, com paragens incluídas, 49h40m. Isso mesmo, paragens foram apenas para abastecer e ir comendo e bebendo alguma coisa porque teria que ganhar tempo para as paragens nos locais onde queria tirar fotos e filmar.
Foi de facto um desafio enorme mas consegui aliar ao enorme prazer que me dá sempre conduzir a minha Super Ténéré, o bater o meu próprio limite que tinha sido 2380 km (leitura de GPS) em 16h10m efectivos de condução e 20h30m totais de viagem (este desafio pessoal tinha realizado cerca de um ano antes).
O desafio foi então "tocar" nos quatro cantos da Península Ibérica no menor espaço de tempo possível, passando então por:
– Extremo a norte – Estaca de Bares
– Extremo a Leste – Cabo de Creus
– Extremo a Sul – Tarifa
– Extremo a Oeste – Cabo da Roca
– Passei ainda pelo cabo de S. Vicente por ser o ponto mais a sul de Portugal… já que estava para aqueles lados fazia um desvio.
Saí bem cedo de casa em direcção ao primeiro destino. Apesar de ter sido em Agosto, as condições meteorológicas estiveram do meu lado e este troço fi-lo sem muito calor tendo inclusive apanhado uns chuviscos aqui e acolá.
05.08.2019 Matosinhos – Estaca de Bares – Girona
Chegado à Estaca de Bares deparei-me com uma paisagem fantástica. Eu sei que é apenas mar, mas os recortes da costa que é possível ver são magníficos e afinal de contas estava no extremo norte da Península. Quanto à estrada que me levou até lá nada a comentar porque foi quase toda por auto estrada.
O segundo objectivo para este primeiro dia seria chegar a Barcelona já no final da tarde. Fui um bocadinho mais longe e pernotei umas horitas num hotel em Girona.
Este troço entre a Estaca de Bares e Girona foi realizado por estradas nacionais e alguns, poucos, km em auto estrada. Aqui de facto já valeu apena pois uma boa parte do trajecto, sobre o meu lado esquerdo, é feito sempre com o mar à vista. Recomendo vivamente. Embora já a tenha feito de carro a sensação de mota é completamente diferente. Desta vez foi feita sempre a enrolar o punho (dentro da lei porque em Espanha não se brinca com excessos de velocidade) mas irei percorrer a mesma um dia, bem mais devagar e a visitar todos aqueles recortes da costa e localidades bem pitorescas.
Depois de Santander o Calor apertou um “bocadinho” e quando cheguei a Girona, por volta das 21h30, estavam 32ºC. Nem imaginava o que iria encontrar no dia seguinte.
Ainda em Girona, depois de deixar as tralhas no hotel, indicaram-me um restaurante e lá fui jantar. Mas foi mesmo jantar à séria. O restaurante indicado foi o L'estrella Del Mar, local acolhedor, serviço impecável e Colaboradores bastante simpáticos onde me “enchi” de bom peixe e marisco. Também verdade seja dita que durante todo o dia, desde que saí de casa às 05h00m, apenas tinha comido uma sande e bebido uma coca cola.
Confesso que quando comecei a “atacar” o prato quem estivesse a reparar até deve ter ficado assustado porque comportei-me como um verdadeiro troglodita. Mas passados aqueles instantes iniciais, e de satisfazer aquela necessidade básica, lá abrandei um pouco o ritmo e passei à fase de saborear o repasto que tinha à minha frente.
Foi assim este primeiro dia desta viagem/desafio.
Depois da tal passagem rápida pela cama às 5h00m estava a sair do hotel para mais uma tirada sendo a sua primeira etapa chegar ao ponto mais oriental da Península Ibérica em Cabo de Creus. Queria lá chegar ainda bem cedo para poder assistir ao amanhecer. Nunca tinha ido a este local mas pelo que já tinha lido e visto estava com grande expectativa.
06.08.2019 Girona- Cabo de Creus – Tarifa – Faro
Cerca de 85 km separam Girona do meu destino mas depois de entrar na estrada GI-614 comecei logo a perceber que a “coisa” prometia. Entro numa estrada recheada de curvas e com uma paisagem brutal que me vai levando pelas localidades de Cadaqués, Port Ligat e finalmente Cabo de Creus.
De facto a minha expectativa não saiu defraudada, bem pelo contrário. Aquele lugar tem uma mística e uma luz invulgares. Terá sido por isso que Salvador Dali passava grandes temporadas neste local? Provavelmente sim, pois este Parque Natural é muito inspirador e muitas das obras dele espelham este local com uma maestria e visão muito próprias.
05
O meu objectivo nesta viagem era outro pelo que chegado mesmo à Ponta de Creus, foi tempo apenas de fotografar o local, contemplar durante alguns minutos o que se deparava à minha frente e meter a minha ST em direcção a Tarifa pois tinha pela frente cerca de 1300 km para percorrer…sem sequer imaginar o que me esperava pela frente. Um calor aterrador que só pensei existir no deserto.
Seriam mais ou menos 7h00m quando saí de Cabo de Creus com a temperatura a rondar os 28ºC e quando passei Tarragona, por volta das 10h00 já estavam quase 40ºC.
Comecei então a realizar que iria ter pela frente temperaturas bem elevadas e que a minha viagem iria ser um suplício. Não me enganei, pois a máxima temperatura que registei foram 52ºC. Confesso que é um calor insuportável mas estava obstinado em cumprir o desafio a que me propus pelo que lá fui seguindo viagem pela AP-7. Parei imensas vezes não para reabastecer a ST mas para me refrescar e beber muitos líquidos.
Pena a temperatura insuportável mas partilho que esta estrada costeira é bem agradável de se fazer, com paisagens quer sobre o nosso lado esquerdo quer do direito bem interessantes.
A minha ideia seria chegar a Tarifa para desfrutar do entardecer mas tal não foi possível concretizar porque perdi cerca de 2 horas em paragens tendo chegado ao destino por volta 21h30m. Ainda fui mesmo à ponta de Tarifa, na ilha de tarifa, mas nem sequer me dei ao trabalho de desmontar da mota e ir a pé até ao extremo. Foi dar meia volta pois tinha de arranjar onde dormir.
Durante esta verdadeira “épica cruzada” a Super Ténéré, máquina diabólica, nunca se queixou da temperatura elevada nem com o “cruise control” sempre a apontar para os 130 e 140 (de quadrante).
Era tarde e pelas minhas contas não iria conseguir concretizar o meu objectivo de ligar estes 4 extremos (passando pelo Cabo de S. Vicente também) em menos de 72 horas, pelo que tomei a decisão, que se veio a revelar acertada para alcançar o meu objectivo, de ir dormir a Faro. Tinha pela frente cerca de 400 km. Confesso que foram feitos bem depressinha mas mesmo assim tendo chegado à mesma já pelas primeiras horas do dia seguinte.
Fiquei na magnífica Pousada de Estói tendo feito a reserva da mesma pelo caminho. Sem margem para dúvidas que esta Pousada é uma das mais bonitas da rede de Pousadas de Portugal. Recomendo a estadia.
07.08.2019 Faro – Cabo S.Vicente – Cabo da Roca – Casa
Mais um dia pela frente mas desta vez dormi um pouco mais para poder desfrutar de um pequeno-almoço em condições. Foi mesmo à Lorde. Deixaram-me tomar o pequeno-almoço às 07h00 porque quando, de madrugada e durante o check in, lhes disse o que já tinha feito e o que tinha para fazer ficaram aderentes à minha causa.
Arrumadas as tralhas, com a barriga bem recheada, lá parti às 07h45 em direcção aos meus próximos últimos destinos.
Como não podia perder muito tempo meti pela A22 e por volta das 09h30m lá estava eu, debaixo de um nevoeiro inacreditável, em frente ao farol do Cabo de S. Vicente. Ainda fiquei por ali cerca de 15 minutos porque dois Motards Espanhóis vieram ter comigo para dar duas de letra. Muito simpáticos, bem jovens mas já na casa dos 70 e qualquer coisa. Que espírito. Espero quando chegar à idade deles ter a mesma garra que eles demonstravam.
Confesso que tenho dois fascínios nas minhas viagens e/ou passeios por Portugal. Um, a Norte, que é Rio de Onor e o outro, a sul, que é o cabo de S. Vicente. Vá-se lá saber porquê!
Estava a terminar o meu desafio e o meu passeio. Era agora tempo de ir até ao Cabo da Roca e chegar a casa.
Como tinha ganho algum tempo decidi ir pela N268, N120 e só em Grandola apanhei a Auto estrada. Aquelas duas estradas nacionais já as percorri várias vezes mas nunca me canso de o fazer.
Cheguei ao Cabo da Roca por volta da hora do almoço e com um nevoeiro que não se via um palmo à frente do nariz. Estava mesma assim uma romaria inacreditável. Aproveitei para tirar umas fotos ao nevoeiro, tomei um café e lá apontei a minha fiel companheira para casa.
Fiquei contente, mesmo muito contente, pois tinha assim cumprido o meu objectivo de “tocar” nos 4 extremos da Península Ibérica em menos de 72 horas. Não só consegui este objectivo como o “pulverizei” pois precisei de menos 10 horas para o realizar.
Em 62 horas desde que saí de casa até que voltei a entrar na mesma percorri 4302 km, medida esta efectuada pelo GPS que me retirou alguns km quando comparada com o registado no quadrante.
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2 thoughts on “05, 06, 07 de Agosto de 2019 – 4 Extremos da Península Ibérica”
Bem… isso é um Titanium Butt!!!
Eu acho que necessitaria do dobro do tempo, pelo menos!!’
💪😎💪
Mas aconselho a fazer. Não com a maluquice com que fiz mas com calma. Estaca de Bares e Cabo de Creus são Tooooop.