Andava curioso e até mesmo ansioso por meter as garras numa coisa destas, especialmente a versão DCT (com caixa automática). Não só gostava de experimentar a ciclística, o motor, a electrónica, o conforto como a tal caixa que todos dizem ser fantástica.
Felizmente tenho a sorte do meu irmão (PJ Casais) ter uma e decidi então cravar-lhe por uns dias para perceber o que é esta máquina Japonesa.
Mal me sentei na mesma senti uma diferença enorme relativamente à anterior versão.
A mota é realmente mais baixa…se calhar foi a pensar em tipos como o meu irmão e eu que não somos propriamente altos. É certo que a mota estava com o banco (opcional) baixo na posição baixa e as suspensões ajustadas para uma pessoa o que a torna mais baixa ainda, mas mesmo depois de ter colocado este banco na posição alta e ter ajustado as suspensões para duas pessoas e malas, não senti qualquer desconforto. Em comparação com a minha T700 e com a ST a mota é mesmo mais baixa. Para além disso o próprio banco e o facto de o motor serem “magros” também ajuda a que consigamos quase colocar os pés bem assentes no chão.
Outra sensação, mas esta “esquisita”, foi a quantidade de botões, principalmente no punho esquerdo e o écran generoso à nossa frente. Mais uma vez comparando com as motas Espartanas que conduzo é uma diferença abismal. Com isto não quero dizer que gosto de tanto botão e écran com tanta informação…apenas estou a constatar um facto.
Depois de algumas explicações ontem ao final do dia dadas pelo meu irmão lá guardei a mota para hoje de manhã ir trabalhar na mesma.
Saí entusiasmado e lá rumei para a FERESPE pelas estradas que normalmente utilizo. Coloquei a mota em modo Tour e lá fui tentando perceber como se comporta a mota neste modo. Fiquei com a ideia que é mesmo aquele modo mais de ir a pastar a vaca, para ser usado em grandes viagens onde a velocidade será constante e onde o consumo é também algo que não devemos descurar. Alguns km mais à frente passei para a fase de andar por estradas nacionais e municipais, pelo que passei para o modo Urbano. Ei lá que a coisa “pia mais fino”, apenas alguns metros e toca a mudar para Sport. Ah canhão que aí vai disto. Estas estradas são top porque possuem bastantes curvas de todo o tipo e para além de alcatrão possuem ainda cerca de 2 km em paralelo, bem polido e em mau estado.
Apertei mesmo com a AT e fiquei surpreendido com o comportamento da mesma. Tendo como referência a ST e a T700, mas também outras que já me passaram pelas mãos (Niken e MT09 SP) posso adiantar que a AT agarra muito bem à estrada. E mesmo nos ressaltos da estrada e em curva a Senhora AT portou-se irrepreensivelmente. Pude notar como o ABS em curva é uma mais-valia, pois em algumas curvas houve excessos de “deitanço” que me ajudaram a corrigir a mota já com a mesma em plena curva. Neste aspecto a AT fica ali entre a ST e a T700 no que diz respeito aos excessos em curva.
Em todas as situações acima descritas optei por andar com a suspensão em modo Soft, pois é desta forma que costumo andar na ST neste tipo de estradas. Julgo que fiz a opção correcta.
Quanto ao motor, alma não lhe falta, especialmente naquele modo S, possuindo uma boa resposta a baixa rotação. Comparando com a ST e T700 fico com a ideia que se a segunda é de facto mais endiabrada e que, se também colocar a ST em modo S, e apesar dos quase 300 kg com tanque cheio e óleos, a AT fica um pouco aquém das outras duas…mas isto é que me pareceu. Não me levem a mal os “Hondistas”, pois quem tem este maquinão AT tem mesmo um maquinão.
Até aqui sempre a gostar da máquina e super surpreendido como funciona tão bem o DCT. Mesmo nas reduções de velocidade para inserir a mota na curva o diabo da caixa gere o motor de uma forma realmente muito eficiente. Incrível. Fiquei mesmo adepto deste sistema e o melhor ainda estava para vir…no regresso a casa.
Antes de sair de casa fiz reset para poder ver os consumos após cerca de 40 km de viagem para chegar ao destino. Mais uma surpresa bem agradável, pois apesar dos excessos a mota apresentava 7.2 l/100km. Com o mesmo tipo de condução com a ST nunca viria abaixo dos 8l/100km e na T700 um pouquinho mais…cerca de 9l/100 km. Sei do que falo porque faço este trajecto todos os dias e quando me excedo é o que acontece.
Não posso deixar de referir o sistema de luzes em curva que é divinal. De facto, aquilo funciona mesmo e ilumina em função do angulo que estamos a deitar a mota. Não ficamos com pontos mortos na estrada. Francamente não me importava nada que a ST e T700 tivessem este sistema de luzes.
No final da tarde o Paulo Faia e o Ricardo Romano montaram o sistema de sacos da GIVI na AT. A mota ficou com um aspecto TOP. Agora sim PJ Casais, já podes pensar naquelas aventuras que te estou sempre a desafiar. Até já tens sacos para meter a roupa.
Horas de regressar a casa e vir por caminhos diferentes. Bem diferentes porque ao invés de alcatrão ou paralelo agora a AT ia conhecer a terra, pedra, gravilha…o que lhe aparecesse pela frente. Mais uma agradável surpresa.
A opção foi mudar para o modo, principalmente TT, porque apenas quando apanhei gravilha mudei para este modo, manter a suspensão em soft, continuar em modo Normal com a caixa automática, ABS desligado, subir ao máximo a mota e gás por ali fora.
A posição de condução a pé é muito boa. Pelo menos para mim. Muito parecida com a da T700. Imagino que seja possível fazer grandes viagens off road sem grande cansaço.
Nos vários tipos de piso pelos quais passei (não, não tenho unhas para coisas tipo trialeiras e detesto andar na lama) a mota comportou-se impecável. Em nenhum momento fiquei com calafrios mesmo quando me excedia e precisava de travões…eles estavam lá e abrandavam-me a mota impecavelmente.
Nas zonas mais “turbulentas” onde a mota saltava que nem uma cabrita (saltos baixinhos claro) quando pisava novamente em terra firme lá seguia o seu caminho sem ter aquela sensação de não saber para onde vai a traseira ou a frente.
A sensação com que fiquei em termos de peso da AT é que estava a conduzir uma mota entre o peso da ST e da T700, mas mais para o lado desta última que da primeira.
Consigo imaginar-me a fazer um ACT com este maquinão … bem também já fiz com a ST, mas certamente que o físico no final do dia não seria tão solicitado com a AT como é com a ST. Já para não falar quando as motas se lembram de “desmaiar” e as temos que reanimar e colocar de pé de novo.
Apanhei neste trajecto “off road” areia também e em curva (que é sempre para mim um momento em que o coração bate forte) e tal como na T700 a passagem fez-se sem sobressaltos.
Aquela pergunta que fica no final do dia quando estacionei a AT ao lado das minhas ST e T700 é:
– Trocaria a T700 ou a ST por esta AT?
Certamente que não, pois na minha opinião, e saliento, na minha opinião que vale o que vale mas sou eu que faço os km em cima destas coisas, a AT está entre a T700 e a ST. No entanto reconheço que é realmente um maquinão e tenho “inveja” por a ST não ter o DCT, pois todo o resto que interessa realmente a ST já tem faz alguns anos.
Falta referir que em termos estéticos esta AT é, para mim, dentre as “Big trails” disponíveis no mercado das melhor conseguidas.
Continuo a achar que a ST e, mais recentemente, a T7 possuem aquele aspecto de aventura que mais nenhuma outra conseguiu ainda…são demasiado “fancy” para o meu gosto … mas esta AT está ao mesmo nível. Aquela frente está de facto muito bem conseguida.
Paulo obrigado por me teres dado oportunidade de conduzir o teu maquinão … temos muita borracha pela frente para gastar, vai-te preparando.
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