No passado da 17 deixei a T700 para levar com sapatos novos e ontem deixei-a novamente, claro que na Motocar, para a revisão dos 20,000 km. Trouxe dessa vez como cortesia uma Yamaha SCR 950.
A mota de cortesia desta vez foi um canhão, ou melhor, um verdadeiro míssil.
A MT10 SP impressiona logo à primeira vista e já namoro a mesma faz algum tempo, desde que despachei a MT09 SP que ando com os olhos em cima dela. Mas por esta ou aquela razão acabo sempre por desistir da ideia. Será que desisto desta vez?
Este míssil “Hyper Naked” impressiona não só esteticamente, o que é discutível claro, mas pela quantidade quase infindável de outros aspectos, dos quais irei apenas salientar, como leigo, os que me chamaram mais a atenção.
Suspensões electrónicas ajustáveis Ohlins herdades da sua prima YZF R1M. Isto já quer dizer alguma coisa. Como é óbvio neste primeiro contacto com a amiga não deu para perceber muito, mas já deu para entender que é incrível como se deixa levar nas curvas mais “intensas” que pude apanhar no caminho para casa. O conceito de deitar a mota pouco tem a ver com o que estou habituado (Trail e Maxi Trail), muito embora relembrando a MT07 a MT09 SP depressa percebi que a abordagem é mais “física”.
Quando comecei a navegar nos menus de suspensão percebi logo que mais valia estar quieto e deixar como o José Pedro Carvalho me preparou o míssil. Tem imensos setup’s, afinal de contas estamos perante uma suspensão igual a uma mota de “pista”.
O motor CP4 é divinal. A entrega de potência é brutal e doce ao mesmo tempo. Conseguimos circular com um bezerro mas quando rodamos o punho, mesmo sem grande veemência, num instante este bezerro indefeso se torna num verdadeiro touro Miura…mas com uma enorme diferença pois este touro é domável. Afinal de contas estamos a controlar com a mão direita 160 HP num motor Crossplane que nos disponibilizam um torque incrível de um momento para o outro. É mesmo muito rápida e assustadora…mas incrivelmente nunca senti uma sensação de insegurança, pelo contrário. Lá está o tal Touro Miura mas domável.
Nos semáforos senti sempre olhares de soslaio, e não era só pelo roncar da mota. A tal estética de mota que parece saída do filme “Transformers” não deixa ninguém indiferente e quando a luz verde acende, um pequeno rodar do punho e “abram alas que o míssil arrancou e desapareceu”.
Tendo já sido proprietário de uma MT07, MT09 SP e de uma Niken, achei, tirando o caso desta última, que iria levar pancada em termos de conforto e de luta constante contra o vento provocado pela deslocação. Enganei-me redondamente. A MT10 não fica nada a dever em termos de conforto e de protecção ao vento à Niken. Uma aerodinâmica muito boa atendendo ao facto de ser uma Naked e o banco de origem, embora firme, não me parece que venha a causar problemas em passeios como gosto de fazer de 600 km ou mais num só dia.
O écran é top, com uma visibilidade excelente mesmo com luz do sol a bater.
No que diz respeito à electrónica a mesma é vasta mas não a consegui ainda explorar nem sequer 5%. Dá para ver nos menus que é muita coisa mesmo.
No entanto, daquilo que já vi, saliento:
– “Cruise control” o que é óptimo para longas tiradas e em estradas que permitam a sua utilização;
– Modos de entrega de potência, três, que posso definir como calminha, dia a dia e para “track days”. Ainda experimentei as primeiras duas, confesso que não me aventurei na última. Se já nas outras duas a bestialidade da mota é o que é, já posso imaginar o que será a que designo como “track day”;
– As opções em termos de controlo de tracção também existem como é óbvio. São três e permitem optar por uma condução mais agressiva, onde o TCS é menos intrusivo, ou para conduzirmos calmamente em estrada no nosso dia-a-dia, ou uma outra para quando temos a estrada molhada e uma outra, que lhe chamaria a quarta, que é desligar o TCS. Tal como me foi entregue ainda não ousei mexer no TCS, pelo que o mesmo anda em modo de “estrada” (tipo domingueiro…mas mesmo assim!).
– Tendo feito recentemente um “up grade” quer na ST quer na T700 com a instalação de “quick shift”, sendo na ST up and down shift, e tendo já sentido na MT09 SP a diferença que este sistema faz, acho que o que vem instalado na MT10 SP é soberbo. Nunca falha. Pena é que não seja possível fazer o “down Shift” um pequeno detalhe, mas que para uma condução mais agressiva e de “track day” fará certamente a diferença.
Se a aceleração e velocidade que esta mota possui são vertiginosas também a forma de a parar não lhe fica atrás. Com pouca força exercida na manete a mota para mesmo, e se estivermos distraídos facilmente vamos parar sentados ao depósito. Falando mais a sério, a travagem da mota é incrivelmente precisa. Quando queremos parar a “Transformer” não brinca em serviço.
Foram cerca de 150 km que rolei na mota que me deixaram com um sorriso de orelha a orelha. Quando ia no caminho mais longo para ir buscar a T700 fui a pensar, mando vir uma ou não. Quando tirei a chave da ignição ia mesmo decidido para mandar preparar a papelada para o Touro Miura que está no segundo andar da Motocar. Não ainda não vai ser desta vez. Não faz sentido para a utilização que lhe iria dar. Depois como seria quando aparecem aquelas estradas e estradões pela frente no decorrer dos meus passeios? Ficava a olhar para eles e seguia em frente? Naaaaaaaaaa. Isso é que não.
Por último resta acrescentar um aspecto pouco relevante, digo eu, para quem compra um míssil destes, o consumo. Nestes cerca de 150 km, pelo meio de gazadas, acelerações, condução num ritmo um bocadinho mais vivo, mas também com períodos de condução bonacheirona e a curti o barulhinho da mota, entreguei o Domável Touro Miura com 6.8 l/100km. Não é mau de todo. Acho eu.
Um dia se tiver possibilidade irei experimentar esta mota com os modos um nível acima em termos de “bravura”. Julgo que deverá ser uma experiência a caminhar para o alucinante.
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